Quando precisamos decidir algo na vida dos nossos filhos, a solução é conhecer e estudar à fundo as opções. No que tange à escolha da escola, o foco deve ser sempre o desenvolvimento feliz do nosso filho. Para isso devemos escolher uma escola que siga princípios e estilo de vida parecidos com os da nossa família. É importante para as crianças que haja uma coerência nesse sentido, para o desenvolvimento saudável da personalidade delas.

Na minha opinião, conhecer o método pedagógico e a rotina da escola são os primeiros requisitos. Devemos sempre comparar propostas diferentes e pensar em qual seria melhor para o nosso filho. É muito importante considerar as demandas que cada criança apresenta. Vale lembrar que, nem sempre o que foi bom para você em sua vida escolar, pode ser positivo para seu/sua filho/a.

Atualmente, há várias opções; por isso é fundamental que os pais decidam o que consideram prioridade para o desenvolvimento dos filhos. Aqui ficamos em duvida entre quatro metodologias, e vou apresentar para vocês o que pesquisamos:

A abordagem dos colégios TRADICIONAIS tende a privilegiar o desenvolvimento de habilidades necessárias ao convívio social e ao mercado de trabalho. É a linha pedagógica presente na maioria das escolas brasileiras, tanto públicas quanto privadas. O ensino é focado na absorção de conhecimento pelos alunos, o que acaba por valorizar a capacidade de memorização. É o modelo segundo o qual a maioria dos profissionais atuantes hoje foi educada, e seu principal foco é preparar para os exames de final de ano, especialmente o vestibular. O aprendizado é centrado no professor, transmissor do conhecimento. O aluno tem metas a cumprir, que são verificadas por meio de avaliações. Se não atingir a nota mínima necessária ao longo do ano, é reprovado. O material didático de uso comum são apostilas e cartilhas, que estabelecem o que o aluno deve aprender.

Já as escolas CONSTRUTIVISTAS preocupam-se em proporcionar às crianças vivências construídas coletivamente, buscando condições para aprendizados significativos. O psicólogo suíço Jean Piaget ficou famoso mundialmente por estudar os processos cognitivos infantis e os mecanismos que levam à aprendizagem. A partir de seus estudos, surgiu a escola construtivista — que também teve considerável influência do educador russo Lev Vygotsky e da psicóloga argentina Emilia Ferreiro. Essa linha pedagógica também defende que o conhecimento é construído pela criança e não “decorado” a partir das palavras do professor. Nela, os alunos estudam em ambientes estimulantes, envolvendo-se em atividades sociais e interativas e na formulação de hipóteses a fim de desenvolver sua própria linha de raciocínio. Os estudantes são avaliados de forma contínua e, por esse motivo, evita-se a aplicação de provas pontuais.

A perspectiva MONTESSORIANA centra-se no estímulo da autonomia da criança. Diferente da metodologia tradicional, ela não é focada na absorção de um conhecimento pronto, e sim em sua construção pelos próprios estudantes. Essa metodologia parte de dois principais preceitos: a autoeducação e a autonomia. O professor é um guia que isola as dificuldades da criança e respeita seu ritmo e individualidade, fazendo apenas intervenções devidamente pedagógicas. Para chegar até eles, as escolas seguem os direcionamentos deixados por Montessori, valorizando o aprendizado integral (e não somente a memorização!) por meio de atividades manuais e da utilização de materiais multissensoriais que estimulam os alunos, em um ambiente completamente preparado para a aplicação da metodologia. O objetivo é formar indivíduos criativos, proativos e seguros, que façam a diferença no mundo e não apenas sigam tendências.

Também estudamos a metodologia WALDORF, onde as vivências e aprendizados são promovidos de maneira integrada com a natureza, o ambiente, no convívio com os outros, e nos apaixonamos. A metodologia parte do princípio de que cada ser humano é único, e, portanto, seu processo de aprendizagem também o será. Ela busca e prega um desenvolvimento holístico, abordando aspectos físicos, artísticos e intelectuais dos estudantes, o que a torna oposta à abordagem tradicional e padronizada do ensino. Nela, há uma divisão por faixa etária e não exatamente por ano, ou série. As avaliações são aplicadas em algumas ocasiões, especialmente no Ensino Fundamental e Médio, mas muitos aspectos influenciam na nota, como comportamento em relação às tarefas solicitadas e dificuldade do estudante com o assunto. Baseada na filosofia educacional de Rudolf Steiner, fundador da antroposofia (associação do aprendizado entre a razão e anseios espirituais do homem), a pedagogia Waldorf é apontada pela Unesco como o método pedagógico inclusivo e adequado para manter o nível de aprendizado equacionado, principalmente nas áreas de grande diversidade cultural. O processo de aprendizagem é interdisciplinar, integrando elementos práticos, artísticos e conceituais. Segundo especialistas, esta abordagem valoriza o papel da imaginação, desenvolvendo o pensamento criativo e analítico. Por fim, pesquisamos e descobrimos que existem cerca de 1000 escolas em mais de 40 países, sem contar as escolas públicas que aplicam métodos Waldorf para enriquecer o seu ensino.

Por fim, a educação, assim como o desenvolvimento humano, é um fenômeno complexo. Há inúmeras propostas pedagógicas atualmente, mas gostaria de destacar que não existe “a” melhor ou “a” pior, e sim a mais adequada às nossas expectativas e valores familiares.

Como última sugestão, recomendo que os pais visitem as escolas que aplicam o método escolhido pela familia, e observem o comportamento das pessoas que fazem parte da equipe da escola, desde o porteiro, até a coordenação. Devemos estar certos de nossa escolha e sentir segurança em relação ao local que entregaremos nosso bem mais precioso, todos os dias. Boa sorte e boa escolha!

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